A CRISE DA ECONOMIA AMERICANA

quarta-feira, setembro 24, 2008

Paul comprou um apartamento, no começo dos anos 90, por 300.000 dólares

financiado em 30 anos. Em 2006 o apartamento do Paul passou a valer 1,1

milhão de dólares. Aí, um banco perguntou pro Paul se ele não queria uma

grana emprestada, algo como 800.000 dólares, dando seu apartamento como

garantia. Ele aceitou o empréstimo, fez uma nova hipoteca e pegou os 800.000

dólares.


Com os 800.000 dólares. Paul, vendo que imóveis não paravam de valorizar,

comprou 3 casas em construção dando como entrada algo como 400.000 dólares.

A diferença, 400.000 dólares que Paul recebeu do banco, ele comprometeu:

comprou carro novo (alemão) pra ele, deu um carro (japonês) para cada filho

e com o resto do dinheiro comprou tv de plasma de 636 polegadas, 43

notebooks, 1634 cuecas. Tudo financiado, tudo a crédito. A esposa do Paul,

sentindo-se rica, sentou o dedo no cartão de crédito.


Em agosto de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis

estavam caindo. As casas que o Paul tinha dado entrada e estavam em

construção caíram vertiginosamente de preço e não tinham liquidez


O negócio era refinanciar a própria casa, usar o dinheiro para comprar

outras casas e revender com lucro. Fácil...parecia fácil. Só que todo mundo

teve a mesma idéia ao mesmo tempo. As taxas que o Paul pagava começaram a

subir (as taxas eram pós fixadas) e o Paul percebeu que seu investimento em

imóveis se transformara num desastre.


Milhões tiveram a mesma idéia do Paul. Tinha casa pra vender como nunca.

Paul foi agüentando as prestações da sua casa refinanciada, mais as das 3

casas que ele comprou, como milhões de compatriotas, para revender, mais as

prestações dos carros, as das cuecas, dos notebooks, da tv de plasma e do

cartão de crédito.


Aí as casas que o Paul comprou para revender ficaram prontas e ele tinha que

pagar uma grande parcela. Só que neste momento Paul achava que já teria

revendido as 3 casas mas, ou não havia compradores ou os que havia só

pagariam um preço muito menor que o Paul havia pago. Paul se danou.


Começou a não pagar aos bancos as hipotecas da casa que ele morava e das 3

casas que ele havia comprado como investimento. Os bancos ficaram sem

receber de milhões de especuladores iguais a Paul.


Paul optou pela sobrevivência da família e tentou renegociar com os bancos

que não quiseram acordo. Paul entregou aos bancos as 3 casas que comprou

como investimento perdendo tudo que tinha investido. Paul quebrou. Ele e sua

família pararam de consumir


Milhões de Pauls deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que haviam

feito baseado nos preços dos imóveis. Os bancos haviam transformado os

empréstimos de milhões de Pauls em títulos negociáveis. Esses títulos

passaram a ser negociados com valor de face. Com a inadimplência dos Pauls

esses títulos começaram a valer pó.


Bilhões e bilhões em títulos passaram a nada valer e esses títulos estavam

disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos americanos, mas

também em bancos europeus e asiáticos.


Os imóveis eram as garantias dos empréstimos mas esses empréstimos foram

feitos baseados num preço de mercado desse imóvel, preço que despencou. Um

empréstimo foi feito baseado num imóvel avaliado em 500.000 dólares e de

repente passou a valer 300.000 dólares e mesmo pelos 300.000 não havia

compradores.


Os preços dos imóveis eram uma bolha, um ciclo que não se sustentava, como

os esquemas de pirâmide, especulação pura. A inadimplência dos milhões de

Pauls atingiu fortemente os bancos americanos que perderam centenas de

bilhões de dólares. A farra do crédito fácil um dia acaba.


Acabou.


Com a inadimplência dos milhões de Pauls, os bancos pararam de emprestar por

medo de não receber. Os Pauls pararam de consumir porque não tinham crédito.

Mesmo quem não devia dinheiro não conseguia crédito nos bancos e quem tinha

crédito não queria dinheiro emprestado.


O medo de perder o emprego fez a economia travar. Recessão é sentimento, é

medo. Mesmo quem pode, pára de consumir.


O FED começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente as taxas de

juros e as taxas de empréstimo interbancários. O FED também começou a

injetar bilhões de dólares no mercado, provendo liquidez. O governo Bush

lançou um plano de ajuda à economia sob forma de devolução de parte do

imposto de renda pago, visando incrementar o consumo porém essas ações levam

meses para surtir efeitos práticos. Essas ações foram corretas e, até agora

não é possível afirmar que os EUA estão tecnicamente em recessão.


O FED trabalhava. O mercado ficava atento e as famílias esperançosas. Até

que na semana passada o impensável aconteceu. O pior pesadelo para uma

economia aconteceu: a crise bancária, correntistas correndo para sacar suas

economias, boataria geral, pânico. Um dos grandes bancos da América, o Bear

Stearns, amanheceu, na segunda feira última, quebrado, insolvente.


No domingo o FED, de forma inédita, fez um empréstimo ao Bear, apoiado pelo

JP Morgan Chase, para que o banco não quebrasse. Depois disso o Bear foi

vendido para o JP Morgan por 2 dólares por ação. Há um ano elas valiam 160

dólares. Durante esta semana dezenas de boatos voltaram a acontecer sobre

quebra de bancos. A bola da vez seria o Lehman Brothers, um bancão. O

mercado e as pessoas seguem sem saber o que nos espera na próxima

segunda-feira.


O que começou com o Paul hoje afeta o mundo inteiro. A coisa pode estar

apenas começando. Só o tempo dirá.

Retirado dos blogs Rosana Costa, Equipe A Gold, graças a um comentário no ótimo Surra de Pão Mole

Tenho dito!

1 comentários:

Flavinha disse...

KRAKKK .. QUE BOLA DE NEVE!!