Eu observava aquele rapaz com um ar questionador, afinal ele me aguçara a curiosidade e me fizera tentar decifrar seus pensamentos e seus sentimentos.
Um rapaz elegante, mas que trazia no semblante uma tristeza arrasadora, que fazia qualquer transeunte parar e observá-lo nem que fosse por um momento.
Com uma caneta na mão e um papel apoiado sobre um pedaço de madeira em seu colo ele redigia algo, e este algo era o que vinha ainda mais aguçar minha curiosidade e me fazia perguntar a mim mesmo o que estava sendo ali traçado.
Pela tristeza facial do rapaz eu imaginava ser uma carta de despedida da vida, parecia ser uma daquelas cartas que alguém que decidira se matar escreve, mas como ter certeza? Eu já me sufocava em curiosidades e também já era alvo de observações, afinal eu me somava àquele rapaz na tarefa de ficar parado com ar reflexivo.
Enquanto redigia sua epístola (acredito que fosse uma) o rapaz olhava para o alto da serra que estava a sua frente, mesmo tão longe ela se fazia perto em seu olhar.
Ele olhava a serra e o papel, eu o olhava e observava quem nos observava.
De observador passei a ser observado, de curioso passei a ser intrometido, enxerido de uma forma que desmoronava qualquer privacidade e tirava do rapaz o direito de escrever seus pensamentos... pensamentos estes que deveriam ser fúnebres (ao menos era meu desejo).
Ao passo que as palavras iam surgindo naquele papel branco eu gritava por dentro de curiosidade, mas num súbito levantar o rapaz embolou o papel e o jogou no chão, indo embora rapidamente.
Mal o autor das linhas havia se virado e eu peguei suas anotações e comecei a ler, na qual ela trazia o texto:
“Já não sei se vale a pena viver, a angústia toma conta de mim. Sei que muitos têm coragem de lutar contra seus medos, mas as incertesas da vida me fazem desistir...”
...
...
“... e assim declaro minha despedida da vida para buscar uma nova aventura em outro mundo.”
Ao ler a carta eu me enlouqueci, fiquei desesperado pra encontrar o rapaz e dar lhe uns conselhos, mas não o encontrei. Por isso peço por favor, se alguém o encontrar dê um recado meu: Incerteza é com Z e não com S.
Incertesa
sexta-feira, abril 18, 2008
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