Aquele abraço não foi um abraço comum, foi mais forte, foi mais sincero, foi um abraço de alguém que sofre, que precisa de apoio, que é desprezada pela sociedade, pelo homem, pela mulher, pelo ateu, pelo cristão, pelo bom e pelo mal.
Naquele abraço vinha sangue, vinha ternura, medo, incertezas, lágrimas e sorriso... um abraço, o abraço, aquele abraço...
O abraço de quem pôde por um momento ouvir que não é inferior a ninguém, que é valiosa.
Não foi um simples abraço, não foi um abraço qualquer, foi O abraço.
Ela tão extrovertida, tão desinibida, faladeira, parecia que trazia a felicidade embalada pra todo mundo, mas na verdade a felicidade estava amassada e envolta na tristesa que a imitava.
Um dia foste criança, adolescente e agora é uma mulher que a vida insiste em lhe dar porradas, insiste em massacrar, insiste e insiste em dizer que o nada é superior.
Vida não faz assim, vida deixe-a viver, vida por que tanta bondade com uns e tanto desprezo com outros.
Ela sabe amar, ela sabe querer, ela sabe sonhar, sabe desejar mas não sabe se libertar. Os motivos de não saber ela também não sabe.
Vida, me dê as chaves do cadeado, das correntes que a amarram. Vida me dê liberdade pra eu libertá-la, pra eu poder vê-la agradecer a vida.
E pisam-na, a humilham como se fosse trapo jogado. Farrapo inútil, objeto de desejo de quem a pisa. Dos pés que a pisam nasce seu sustentáculo, estes pés financiam sua ambição, financiam seu desespero, financiam seu medo.
Às vezes é confidente, é amante, é namorada. Às vezes é apenas um brinquedo prestes a ser jogado fora por homens que já não têm a inocência de uma criança.
Pra mim ela é mulher... e dessa mulher surgiu o abraço que não me sai da mente, esse abraço que não é em função da experiência, mas do desejo de ser reconhecida como gente. É o abraço forte, cativante, é o abraço de prostituta.
ABRAÇO DE PROSTITUTA!
quarta-feira, agosto 23, 2006
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