Eu e a Fossa

quinta-feira, junho 22, 2006

Existem situações no mundo que não consigo compreender. Dentre tantas uma está me assolando agora. Estou tentando entender os motivos de necessitarmos ficar meio tristes, meio deprê.

É tão bom sorrir, conversar, falar asneiras... mas de repente a mente, a alma anseia a amargura, se envaidece na tristeza e solicita a angústia como companheira. Não que eu ache que depressão seja um sentimento maravilhoso, mas ele entorpece o orgulho, enche o ego e fascina o medo.

Os sentimentos se confundem entre querer se alegrar e querer se “enfossar” ainda mais. Desculpe o neologismo, mas senti necessidade de cria-lo, afinal sempre dizemos quando estamos tristes que estamos numa fossa.

O dia todo foi legal, interessante, com responsabilidades, brincadeiras e certeza de que pra vencer tem que lutar. Já a noite veio a sensação de que é preciso ficar sozinho, sozinho mesmo, sem ninguém pra conversar, pra falar o que pensa, pra dar opinião que pra mim, ao menos agora, não servirá pra nada, a não ser pra alimentar o rancor que surge nestes momentos de baixa auto-estima.

O que mais contradiz minha mente é o ser humano sempre estar buscando a felicidade e alimentar tanto a tristeza. Eu mesmo estou aqui numa necessidade de sorrir, mas a falta de alegria me faz ouvir músicas depressivas, alimentar saudades, questionar atitudes, enfim, me faz fechar os olhos pra ver se as lágrimas vêm.

Eu, um homem forte, alegre, inteligente e sagaz me vejo derrubado por nada, sem motivos. Mesmo assim as pessoas insistem em estar falando comigo, ora, deixe-me curtir o desgaste da minha alma nesse veneno mortal que satisfaz-me, não fale comigo, me deixe sonhar como eu quero sonhar. Suas opiniões não me valem agora, o que me valem sou eu e eu.

Eu mesmo, homem forte, alegre, inteligente e com a sagacidade em xeque quero amar e odiar ao mesmo tempo. Quero carinho e aversão, quero contradizer o gostar, quero cuspir no sorriso e cantar cânticos fúnebres nas festas de salão.

Quero ver a natureza bela, ao passo que acendo fogo pra queimar tudo ao meu redor, e no fogo ver a beleza que saía do sorriso de quem já me apaixonei.

Não quero a morte, não quero sentir o cheiro dela, não quero pensar nela, mas a quero do meu lado me fazendo refletir sobre a vida, assim chegarei a conclusão que viver é lindo e a beleza é triste, e a tristeza, ah, essa quer me abraçar como um manto que me cobre nas noites mais gélidas desse país tropical.

Mas ainda insistem em me atazanar, me falando coisas que não me interessam. Quero paz, paz pra mim. Não me atormente, por favor, deixe me acabar de escrever esta inutilidade!

Já que não me deixam em paz, vou é mesmo parar de escrever e sonhar com a poeira dos olhos de quem nunca olhou pra mim...

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