Minha oratória na formatura

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Desde criança eu sinto medo. Medo de perder, medo de ter que mudar, medo de enfrentar a realidade, mas aprendi, forçadamente, que o corajoso não é quem não tem medo, mas sim quem consegue superar esse medo, ir contra ele.

Um desses medos foi entrar na escola; com o tempo o medo maior foi não passar no vestibular, porém, se por destino, se por benção de Deus, se por mérito ou sorte eu consegui vencer esta etapa e comigo outras 39 pessoas que pleiteavam ali sonhos.

Alguns, no início da caminhada desistiram; outros no meio dela decidiram por caminhar em novas estradas; outros fizeram valer aquele velho ditado que diz: “Nadou, nadou e morreu na praia”.

Quatro anos foram se formando, não passando, mas sendo construídos de formas peculiares, onde sonhar sempre se fez preciso pra que chegássemos aqui, neste momento tão almejado por nós, por amigos e pelos nossos pais.

Tivemos que programar nossas mentes, algumas vezes até como mecanismos de defesa, pra que não desistíssemos de alcançar o alvo.

Se eu desistir

Então

Poderei me arrepender senão

Já me arrependi;

E entre vários se’s e senão’s fomos criando condições, prevendo e resolvendo exceções; formatando hábitos; deletando desesperos; abrindo novas páginas; e corrigindo falhas que poderiam ser críticas.

Nunca fomos um sistema perfeito.

Nunca fomos seres perfeitos em perfeita união, então pudemos ver que não somos máquinas que não funcionam com conflitos, mas sim, somos seres humanos que buscamos aceitar as diferenças e assim trabalhamos em conjunto.

Fomos processando cada etapa e em certos momentos pensamos que já não havia mais linhas a serem lidas e interpretadas, porém o próximo minuto já nos remetia a novos horizontes.

Naquela Universidade, naquele prédio improvisado, naquele dia de água e farinha de trigo começamos a perceber que a relação entre humanos não é programada, é construída com o tempo, e de colegas passamos a amigos.

Começamos então a conhecer pessoas que não tem nada a ver conosco, mas que são especiais. Conhecemos também pessoas que parecem muito conosco e mesmo assim são especiais. Amizades surgiram, amores, paixões e até seres celestiais, eu particularmente, percebi que havia entre nós, um anjo escondido entre nós que até hoje tenta esconder suas asas.

Quando tudo ainda era novidade e os sorrisos se misturavam às incertezas enfrentamos com garra; agora que tudo vai se transformando a cada dia em passado distante, as incertezas se misturam a choro que se mistura a sorrisos que se mistura à força que se mistura e se mistura e formam um composto homogêneo que somos nós. Composto este formado de pessoas feitas de sentimentos.

Nossa formula?

Eu não tenho como descrevê-la, mas eu sempre sonhei que o principal elemento deste composto fosse o AMOR, que se mostra escasso em dias de individualismo.

Este elemento pode estar escasso, porém víamos-no tomar proporções grandiosas quando alguém precisava de um ombro amigo, de um conselho, de um puxão de orelha, e, até de uma colinha – que atire a primeira pedra quem nunca colou, mas não atire-a em mim, pois eu também não colava... pouco...

E as palavras vão ficando cada vez mais poucas. Eu fui escolhido para descrever o que passamos juntos, apesar de eu ter lembranças, muitas delas parecem ser confidenciais, segredos entre amigos, ou segredos de uma sociedade que foi criada por um sistema que pré-selecionou 40, e foi selecionando até que estivéssemos aqui em 32.

Talvez melhores que nós ficaram de fora desse evento.

O acaso pôde nos colocar na universidade, mas o acaso não foi nosso cúmplice para que permanecêssemos. O acaso se foi e nos deixou nus, despidos, para que encarássemos as durezas e doçuras da vida, das batalhas em busca de um final feliz.

Por falar em final feliz, hoje quando olho pra trás, em um passado que é quase presente me sinto num conto de fadas onde nós víamos mocinhos e bandidos, agora quem é o vencedor? Tem vencedores? Estas perguntas não têm respostas, quiçá tivessem, contudo não as quero, nem necessito delas, eu apenas quero que este não seja um final feliz, mas sim um recomeço de uma jornada feliz.

Eu poderia aqui olhar olho por olho destes que comigo comungam deste momento, dar um abraço em cada um. Poderia também sentar numa mesa de bar e contar umas piadinhas, dançar numa festa, rir, cantar olhando as estrelas, mas vou aqui controlando a minha maluquez e desejando a cada um vitória.

Pra cada cabeça uma sentença, pra cada ato uma conseqüência e pra cada vida um destino. O nosso destino? Nos separarmos em busca de aventuras inimagináveis, busca de desejos que quando estivermos já de idade avançada nos causará saudade, lágrimas e da nossa nostalgia surgirão muitos conselhos aos nossos filhos, que assim como nós com os conselhos de nossos pais, não os aceitarão e buscarão seus próprios conselhos.

Quantos destes amigos que verei novamente?

Quantas promessas de nunca nos separarmos serão cumpridas?

Quantas vezes nos veremos e faremos de conta que nem nos conhecemos, mesmo que a vontade seja de dar um abraço?

Incógnita o futuro, gostoso o presente e nostálgico o passado.

Ah, sei que ainda vou olhar as fotos que tiramos juntos, esquecendo o nome de alguns e lembrando de outros, suspirando e imaginando onde cada um estará naquele momento, porém dos colegas me lembrarei, dos amigos chorarei de saudade e dos amores estarei perto, se é que isto que digo não é mais uma promessa pra ser quebrada.

Mas tudo isso aconteceu pra que pudéssemos enfim dizer aos nossos pais, amigos e familiares que somos vencedores e que valeu a pena eles acreditarem em nós.

A vocês que nos encorajaram e acreditaram em nós, mesmo quando nós mesmos não acreditávamos eu deixo nosso muito obrigado.

Papais, mamães, tios, avós, cônjuges, filhos, amigos, irmãos...

A vocês, obrigado!

Vocês são os grandes responsáveis por tudo isso, mesmo que distante, mesmo que ausente descansando desta vida, com certeza, nossa força veio primeiramente de Deus, e depois de vocês.

Que cada sorriso, cada lágrima, cada abraço, cada carinho, cada conteúdo aprendido sejam creditados a vocês.

Sintam-se abraçados por todos nós e obrigado por estarem aqui como se estivessem dizendo: “Vai lá, vocês são capazes de vencer na nova etapa da vida.”

Agradecer?

Tenho e muito.

Então agradeço a Deus pela vida e a vocês por isto...

Obrigado!


Felicidade, vida, fé e Anjos

quinta-feira, fevereiro 09, 2006



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Sei que o ceticismo é enorme entre a humanidade, bem como a fé.

Eu me considero uma pessoa de fé, apesar de as vezes ter em mim a prevalência da desconfiança e deixo de ter a certeza necessária pra se dizer: Tenho fé.

Não somente eu, mas as pessoas de um modo geral mudam muito de opinião, porém todas tem em si alguma base, um centro de apoio pra que elas, mesmo mudando as atitudes sejam elas mesmas.

Pra uns, olhar as estrelas e imaginar o inimaginável é o mesmo que direcionar-se por um mapa rumo à felicidade. Pra outros, o trabalho é a felicidade, pra outros, a fé e assim sucessivamente.

Minha felicidade, mesmo que as vezes queira escapar, foi encontrada na fé, no amor próprio e no amor ao próximo. Encontrei-a na certeza de que sou capaz de vencer, no sorriso de uma criança, no gatinho que brincava com o novelo de linha, no espinho da linda rosa vermelha.

Tantos foram os pequenos motivos que tornaram meu viver mais grandioso e gracioso.

Desde criança ouço dizer que homem não chora! Então, eu sou homem e não chorarei, apenas darei urros acompanhados de lágrimas.

Estou falando de choro pelo fato de eu agora estar diante do que realmente me faz chorar, não de tristeza, mas de agradecimento, alegria. O que me faz chorar é o amor.

Talvez pra uns o que digo seja incompreensível, pra outros anomalia, pra mim é a vida, pura e bela, mas é a vida.

Há tempos, quando eu não era feliz e desconhecia o amor, simplesmente esperava que tudo terminasse, um término sem começo, sem meio e provavelmente um fim sem fim.

Aprendi então a amar, e com isso encontrei a felicidade, e o mais interessante é que descobri que realmente existem anjos e eles estão tão próximos de nós e muitas vezes passam desapercebidos.

Eu estou falando com conhecimento de causa, não é algo fruto de minha alucinação sóbria não, de maneira alguma.

Ao assistir o filme cidade dos anjos pude então compreender que realmente os anjos estão ao meu lado.

Pra mim os anjos são meus amigos, familiares...

Meu sobrinho, pequenino é o anjinho mais puro que conheço (ao menos por enquanto);

Minha mãe é a anjo chefe. Que poder, que força ela tem, meu Deus.

Meus irmãos, são assim, meus irmãos, anjos irmãos (não entendo, é tão difícil falar de irmãos);

Meu pai é o anjo maluco beleza.

Meus amigos são os anjos que escolhi pra mim, e não citarei nomes, mas cada um sabe o que representa pra mim.

Meus anjos, amo vocês.

Desculpem se fui pessoal neste texto, mas isso não poderia passar em branco...